terça-feira, 19 de março de 2013

Feminismo: o desafio!




A experiência de um intercâmbio é vivida de forma diferente por cada pessoa, mas uma coisa todos podem afirmar em coro: passamos a nos conhecer muito mais. Sim, sozinhos em um canto qualquer do mundo, só podemos contar com a gente mesmo, o que nos torna experts em “nós”. A minha descoberta mais chocante sobre mim mesma desde que cheguei aqui é que sou um pouco, talvez muito, machista. Veja bem, a Suécia é conhecida pela igualdade dos sexos. É o país onde homens e mulheres tem a mesma profissão, e vejam só, são pagos igualmente para tal.

Mas é claro que vindo de uma sociedade machista, viver essa igualdade no dia a dia não seria tão fácil assim, afinal, a igualdade aqui é levada a sério, daí várias vezes me peguei naquela do feminismo por conveniência, coisas como, admiro que homens e mulheres ganham igualmente, mas quando estou em um encontro e o cara vai até o bar pegar uma cerveja e não me pergunta o que quero, fico extremamente ofendida. Quando estou me despedindo dele no dia seguinte e ao invés de um beijo e abraço caloroso, afinal, passamos a noite juntos, ganho um “take care” e “se você seguir por este caminho, chegará até a portaria”. Várias vezes me peguei indignada dizendo “what? Você VAI me levar até a portaria! Bateu a cabeça onde?” e ouvi de volta um “You got to be kidding me!” hahahahaha Mas educados como são, eles acabam me levando. O que me fez pensar que ando ensinando os suecos com quem estive a se relacionarem, quando eu, sendo a pessoa nova no local, deveria aprender o modo sueco de se relacionar, não? Pois é, mas o que me sobra de machismo, me falta de confiança para agir como uma sueca e ir até um estranho no bar e oferecer-lhe uma bebida. Sim, elas têm peito o bastante para fazer isso. E fazem.

Tenho uma amiga italiana que está aqui há dois anos e diz a todas as novatas que quanto mais cedo aprendermos o jeitinho sueco de namorar, mais fácil nossa vida irá se tornar. Claro, até para ela nem sempre foi fácil, os italianos, assim como os brasileiros, têm fama de quem vai direito ao que quer e nossa função é apenas sorrir, mas ela também atesta que foi um exercício de confiança e hoje é algo que ela quer levar por toda a vida. Será que é possível?
Bom, eu e um grupo de amigas traçamos como desafio para este fim de semana: cada uma pagará uma cerveja para um desconhecido no bar. Seria essa a redescoberta do meu feminismo? Depois venho aqui contar como foi!

quinta-feira, 14 de março de 2013

24 horas em Estocolmo

O motivo que levam muitas meninas a trabalharem como au pair, além de melhorar o idioma que escolheu como segunda língua, é a oportunidade de viajar. Quando se mora na Europa é bem mais fácil visitar outros países, com planejamento dá para conhecer muito local bacana em apenas um fim de semana, como nós au pairs estamos acostumadas a fazer. Então se você que está me lendo decidiu escolher Estocolmo como destino para o fim de semana, saiba que dá para fazer muita coisa em apenas dois dias. 

 Stockholms Stadshus (Stockholm City Hall):

Para quem não sabe o prêmio Nobel foi criado por um sueco, Alfred Nobel que inventou a dinamite e depois ficou com pesinho na consciencia porque a sua invencao estava sendo usada de maneira errada, decidiu criar o prêmio para incentivar as pessoas a buscarem e celebrarem descobertas mais humanitárias, digamos assim. Okay, essa é uma história bem resumida, mas é mais ou menos assim. O prêmio é entregue em uma cerimônia chique e enorme todos os anos no aniversário de sua morte, 10 de dezembro. A cerimômia acontece na City Hall, ou seja, além de um ponto turístico lindo, você terá oportunidade de ver onde é entregue um dos prêmios mais importantes do mundo. 



- Gamla Stan

A cidade velha, dispensa apresentações. É o bairro mais antigo de Estocolmo, com ruas estreitas e repleta de lojas e café charmosos. Vale procurar a menor rua de Estocolmo, não saia sem tirar uma foto nas escadas. É lá também que fica o museu do Nobel, a igreja alemã que é linda de doer, com uma arquitetura incrível e muitas peças de ouro. É lá também que fica o castelo e o parlamento.

Gamla Stan também é um bom destino para curtir a noite em Estocolmo, se você faz o tipo que adora pubs, música ao vivo e boa cerveja, aliás, não deixe de visitar um dos muitos pubs que oferecem cervejas suecas e decoração que remetem aos tempos dos vikings. 



Fjällgatan

Estocolmers são criaturas apaixonadas por café, por causa disso a cada passo que você dá nesta cidade você está dentro de uma cafeteria. Como escolher aquela que irá marcar sua visita? É só unir o últi ao agradável, apreciando um bom café e uma vista linda. O Fjällgatan fica em Slussen e enquanto toma seu café, é possível ver boa parte de Slussen e Gamla stan. Vista de tirar o folêgo. 

Djurgården

É uma pequena ilha, uma das muitas que formam Estocolmo, só que nela esta localizada o Vasa Museum, um dos museus mais famosos de Estocolmo, mas se você nao tiver tempo ou grana para visitá-lo, peque o bonde antiguinho da praca central até Djurgården, A paisagem pelo caminho é simplesmente linda. Uma vez na ilha você poderá ver as principais atrações da cidade, como o Vasa Museum, o Nordiska Museum, o Spirit Museum (o museu da Absout Vodka, hell yeah), Skansen e o ammusement park, o Tivoli. 


- Estocolmo free tour

Se o negócio é economizar tempo e dinheiro, faça a free tour Stockholm.  É bem simples eu diria, mas cobre os principais pontos turísticos e visto que é gratuito, é bem mais do que podemos esperar. Existem duas tours, uma que cobre o centro e outra que cobre Gamla Stan. O bacana da tour é ouvir a história dos locais e descobrir um pouquinho mais sobre este lugar incrível, vale a pena!

Ia incluir mais coisas para fazer a noite e falar sobre como os suecos curtem a night, mas ia ficar grande demais então será assunto para o próximo post! :) 

sexta-feira, 8 de março de 2013

Play: Icona Pop


Confesso que antes de pensar na possibilidade de ser au pair na Suécia eu não sabia muita coisa sobre este pequeno país. Sabia dos vikings e que sueco adora peixe. Ah, claro, que faz muito frio. Mas nunca tinha parado para pensar no cenário musical, por exemplo. Cheguei aqui e me deparei com um cenário bem diversificado, de musica eletrônica a indie, você encontra muita coisa boa. 

Lugares para curtir bandas já conhecidas da galerinha indie, cantores mais pops ou até nomes consagrados da cultura eletrônica  Confesso que perdi a oportunidade de ver muita coisa boa como Of monster and menAnimal Colletive, o último show do Swedish House Mafia e uma performance fodástica do Steve Aoki. Além dos artistas que estão sempre passando por aqui, sério, muita coisa boa, vi Stone Sour e perdi The Killers há umas semanas, também fui pega de surpresa quando o assunto é produzir coisa boa, algumas dessas surpresas roubaram meu coração e entraram para a trilha sonora do meu curto verão 2012 por aqui, já que cheguei no final de agosto, mas 2013 que me aguarde!!! Uma delas é o Icona Pop, um duo sueco de eletro house music com influências punk e indie pop. 



O duo formado em 2009 por Aino Jawo e Caroline Hjelt, que cresceram em Stockholm, já recebe muita atenção internacional e toca em festivais bacaninhas ao redor do globo. O hit mais famoso e que sem dúvida é trilha desta minha viagem, é "I love it"



Após ouvir muito nas baladas aqui, corri para o Spotify para ouvir todo o trabalho das duas. AMEI. Escuta só: 






Gostou? Corre para a pagina do Facebook delas para saber mais sobre o trabalho. E aproveita para curtir o Fuck Yeah Stockholm também! :)

quinta-feira, 7 de março de 2013

Harlem Shake na Sergels Torg

Bom, não vou começar este texto te explicando o que é Harlem Shake, se você não sabe é porque não tem acesso a internet e se você não tem acesso internet é meio impossível que esteja aqui, mas em todo caso.

Não posso falar por toda a Suécia, mas em Estocolmo o povo adora uma interação grupal pública. Flash mobs, no pants day, eles estão em todas, e claro que não iriam ficar de fora do viral do momento. 



O local também não poderia ter sido melhor escolhido: Sergels Torg é a maior praça do centro de Estocolmo e dá acesso ao Estação Central e as principais ruas do centro, como a Drottninggatan. A praça leva o nome do escultor  Johan Tobias Sergel que tinha sua galeria ao norte da praça lá no século 18. 



Claro que para a homenagem ficar completa, a praça tem uma escultura, que cá entre nós, é feia pra diabo. Mas, é um dos principais pontos turísticos de Estocolmo, é bonita de qualquer maneira e se passar por aqui, não deixe de ver! 

quarta-feira, 6 de março de 2013

Aquele do choque cultural


O bacana de ir morar em outro país, é a oportunidade de viver algo completamente diferente daquilo que estamos acostumados no dia dia a dia. Muitas coisas obviamente fogem ao nosso compreendimento, por isso, para fazer um intercâmbio, principalmente como au pair já que você vive na casa de outra pessoa,  é  necessário ter a mente aberta para todo tipo de experiência.


Quando eu escolhi a Suécia eu já sabia que seria como viver em outro planeta e essa perspectiva não me dava medo. A diferença aqui vai bem além da língua, que é medonha by the way, suecos são bichos de outro planeta, coisa de gente bem educada, que recebeu educação de primeira e teve direito a qualidade de vida desde que estava no berço, por isso também não comparo. Não sou dessas que fica "ta vendo, la no Brasil o povo..." La no Brasil o povo foi criado completamente diferente num país que já nasceu no meio de uma bagunça dos infernos. Não estou dando desculpas ao povo, mas alguns fatores a gente simplesmente não pode jogar embaixo do tapete.

Então é  claro que é lindo andar na rua e não ver lixo no chão. E não apenas porque é proibido jogar (nem sei se é  na verdade), mas sueco é  um bicho honesto. Faz tudo certinho. E é uma delicia viver num lugar assim. Mas existem coisas que me fazem sim torcer o nariz e que levei mais tempo para "aceitar como normal", digamos assim:

- Velho e adulto: tudo igual. Idosos ficam na mesma fila que a gente. Não existe atendimento preferencial. No começo me senti culpada, sem jeito, foi difícil entrar no ritmo. Estar sentada e não oferecer lugar, por exemplo, já que aqui ajudar o próximo quando ele não pediu ajuda pode soar grosseiro e a gente nunca sabe como agir.

- Sueco adora fila. Fazem fila em qualquer lugar, mas não são os mais educados na hora de mante-las. Então tem que ficar esperta porque estão sempre cortando fila.

- São os reis da rua. MESMO. Trombam com outras pessoas, nunca olham para frente para ver se alguém escolheu o mesmo caminho e jamais se desculpam.

- Vivem grudados no celular e usam o headset enlouquecidamente. Não é difícil andar pela rua e ver vários suecos "falando sozinhos" e gesticulando como se estivessem falando com seu amigo que esta do outro lado da linha, bem a sua frente.

- A maioria das baladas aqui fecham as 3:00 am (ou ate 1:00 am). A maioria dos bares vai ate 1:00 am. Frustrante.

- Suecos bebem demais. Homens, mulheres. Final de semana o numero de policiais nas ruas dobram e o numero de pessoas largadas ao chão também. Quase como se tivessem uma dupla personalidade. Madrugada nos metrôs suecos é  um caos.

- Eles caçam ursos e veados e o assunto não esta aberto a discussão. Diga isso a eles e ouvira um: Por que a vaca é menos importante que o urso, no seu entendimento?

- A igualdade dos sexos aqui é  levado super a serio, farei um post sobre isso, portanto nada de homens gentis que te ajudam com sacolas no mercado, quando seu dinheiro cai no chão, quando não consegue abrir a porta ou esta carregando peso. Nada de atendimento preferencial nas baladas, bares, em filas de baladas e bares. Nada de dar um jeitinho usando um sorrisinho bobo, quem nunca? Aqui nunca.

E tenho que finalizar o post com algo que me recuso a experimentar: pepino no café  da manhã! 

terça-feira, 5 de março de 2013

Is Fika time!!!


Acho que posso dizer, e com certeza absoluta, que a primeira coisa que se aprende sobre os suecos quando chegamos aqui é que eles amam fika. Aqui é  praticamente um verbo. Um dos mais usados e adorados. Temo que metade do dinheiro que ganho aqui é gasto em café, porque Fika nada mais é do que um break, uma pausa no meio do dia, para tomar café. Você pode fika na rua com os amigos, em casa, no trabalho, enfim, para fika não ha tempo ruim, por isso ele é mais popular ainda no inverno quando os suecos querem ficar quentinhos e se aquecerem com ótimas companhias, café e doces deliciosos.



Em Estocolmo existem muitos lugares para um fika perfeito, farei um post sobre meus lugares preferidos. Na primavera e no verão as cafeterias colocam cadeiras e mesas para fora, ai é sucesso garantido. Alias, os suecos estão entre os maiores consumidores de café do mundo.



Eu sou completamente apaixonada por esta ideia, claro que agora pego leve porque gastar todo o dinheiro com cafe não é la muito empolgante. Vale saber: aqui o café é fortíssimo e eles tomam sem açúcar  Você encontra açúcar nas cafeterias para acompanhar seu cafezinho, claro, mas se usar faça escondido. Se levar o café para a mesa as pessoas iram te olhar como se estivesse cometido um crime! :) 

segunda-feira, 4 de março de 2013

Depois de seis meses...


Uma certeza: um ano passa voando! Segunda certeza: teclado sueco é um saco. Acho que isso explica bem o fato de ter levado seis meses para começar o blog.
Mal acredito que seis meses já se foram. Olho para trás e só sei de uma coisa: QUERO MAIS. Sabe quando as pessoas dizem que o intercambio é o melhor ano da sua vida? Elas não estão mentindo. Talvez eu venha a plantar uma árvore ter um filho e escrever um livro e estes momentos sejam igualmente fodasticos. 

Talvez eu coloque um vestido branco e caminhe em direção ao homem dos meus sonhos, com meu pai segurando meus  braços e pensando que este é o melhor dia da minha vida, mas ate o momento nada supera a decisão de ter entrado naquele avião rumo a capital da Escandinávia  Eu, que sempre sonhei em ir morar sozinha em São Paulo, mas nunca o fiz porque parecia assustar demais, embarquei nessa aventura sozinha, num lugar gelado onde a língua oficial tem mais consoantes que vogais e o K tem som de CH. Puta merda, os melhores seis meses da minha vida.

Muito aconteceu neste tempo, presenciei a mudança do verão para o outono e acho que pela primeira vez na vida, já que aqui a natureza é de tirar o folego e a mudança das estações são bem marcadas e este show acontece bem diante dos seus olhos, coisa de filme.




Vi a chegada do inverno. Os primeiros flocos de neve da minha vida, durante uma ligação da minha nova host family, dizendo que tudo ia ficar bem a partir de agora, depois daqueles três meses vivendo com uma família comandada por coração gelado. De novo, foi como um filme daqueles bem clichê de fim de ano. 



Primeiro natal com cara de filme americano, sabe? Mais ou menos assim:





A primeira vez que eu abri a porta de casa e o caminho estava coberto por neve. E ainda não me cansei. A primavera bate a nossa porta, a neve derrete e eu queria mais, queria muito mais. 

Acho que já passou da hora de deixar tudo registrado, não é mesmo? E que venham mais seis meses, a primavera e o verão